OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA – 29/04/2014
Entrevista de Glenn Greenwald, concedida a Alberto Dines
A entrevista do advogado e jornalista Glenn Greenwad a AlbertoDines, jornalista do Observatório da Imprensa, no primeiro semestre deste ano, reproduz o sentimento do jornalismo do Brasil e do mundo. A construção do compromisso verdadeiro e corajoso com a informação é refletido no fato bombástico que chocou o mundo com a denúncia feita a Glenn e por ele noticiada no The Guardian e The Washington Post, vindas do ex-contratado da CIA e ex-agente norte americano da NSA, Edward Snowden, asilado em Moscou. Os detalhes da “Vigilância Global” nas comunicações e tráfego de informações executadas através de vários programas, entre eles o programa de vigilância “PRISM” dos Estados Unidos, não só deixou clara a invasão de privacidade nos canais de comunicação, inclusive do Brasil, mas também a política de muitos profissionais de imprensa que se colocam além dos discursos do “jornalismo verdade” e publicam, mesmo ao custo e sabor dos riscos. Evidente que esta postura é uma premissa do jornalismo. Porém, os interesses de grupos poderosos e a insistência dos governos na tentativa de domínio sobre a Imprensa e as ameaças de processos no sentido de calar, interpõem na democracia, no direito de expressão e na própria Liberdade de Imprensa. Reconhecemos a conivência entre os governos e as mídias. O Google e Facebook são favorecidos com contratos e amargam o receio da perda de credibilidade pela interpretação dos usuários. Na Europa, segundo declarou Glenn, existem constantes movimentos da concorrência com anúncios alertando para não mais usarem os programas Google ou Face book dizendo que “eles irão abrir seus dados e arquivos para os governos” e aproveitando para convida-los a usarem os deles. Glenn Greenwald, ao se exilar dos Estados Unidos depois de ter publicado a documentação de espionagem da agencia americana, jamais voltou aos estados Unidos, convicto que seria igualmente perseguido igualmente a sua fonte, Snowden. Após seu desempenho profissional, vive no Rio de Janeiro há nove anos pregando conceitos de liberdade na luta contra o poder. Na sua visão conceitual faz questão de enumerar seus motivos afirmando “o que estamos fazendo é muito maior que a espionagem. Em primeiro lugar, sabíamos que muitas pessoas não iriam mais confiar no papel que os Estados Unidos desempenham no mundo. Segundo, que as pessoas iriam pensar diferente sobre os jornalistas e o relacionamento entre governos e mídia e terceiro, a percepção das pessoas sobre os perigos de governos que fazem muitas coisas em segredos, sem transparência”. Isso traz à tona o debate da importância da privacidade do que é individual e o que é privado na relação com os governos e as coisas na internet. Entrevista de Glenn Greenwald, concedida a Alberto Dines