Entrevista gravada em 2012 com Renata Lo Prete

www.youtube.com/watch?v=0uqvcniq9KQ

01 – O que faz um jornalista?

– O jornalista vê, escuta e conta. E no meio disso, muita coisa pode acontecer para tornar tua história mais completa, mais relevante, mais reveladora de novidade ou ao contrário de tudo isso. Mais parcial, mais enviesada, mais reforçadora de uma ideia que já se tem de terminado assunto, determinado acontecimento. Mas eu acho que basicamente, na ordem que você quiser estabelecer, o jornalista vê, escuta e conta. E se vê, não enxergar com atenção, escutar de fato, contar fica muito difícil.

02 – Como estabelecer um jornalismo a verdade com total isenção?

– Ah, eu acho que essa é uma discussão, pelo menos, tão antiga quanto a peça do Ben Jonson. O melhor Jornalismo, nos melhores momentos o Jornalismo pode contar uma versão mais completa possível de um evento sobre um personagem, um acontecimento, mas sempre filtrada por um ponto de vista de quem escreve, de quem grava de quem registra, de uma determinada publicação, de um determinado veículo, sempre vai ter esse pressuposto, sempre! Agora, também existem maneiras de você esclarecer esses pressupostos e de o público leitor, de telespectadores, ser cada vez menos ingênuos para enxergar esse filtro e tirar as conclusões deles. A verdade? Talvez as religiões (risos).

03 – Aa escolha pelo Jornalismo, foi aptidão ou influência?

– Eu nunca fui uma daquelas pessoas que têm clareza enquanto crianças, clareza enquanto adolescente do que queria fazer. Meus pais não são jornalistas mas, eles sempre foram muito bons leitores. Eu sempre penso que essa é uma das grandes coisas pelas quais eu tenho a agradecer a eles. Então, na minha casa sempre tinha jornal e meu pai estava sempre lento jornal e comentando o jornal. Na casa do meu avô tinha um outro jornal, então muito cedo pra mim começou a ficar claro que a mesma história poderia ser contada de maneiras diferentes. Eu acho que sou uma pessoa curiosa, naturalmente curiosa e eu acho que isso ajuda e eu sempre gostei de escrever, tanto que, enfim, por uma questão de circunstância, por isso eu acabei começando e fazendo boa parte da minha carreira, a maior parte dela no jornalismo impresso mesmo. Mas não foi uma coisa assim eu dissesse: quero ver ser jornalista; quando eu vi eu estava me tornando jornalista. Eu não aprendi a ser jornalista na ECA e eu não digo isso com falta de respeito à ECA, eu acho que faz parte da história de cada um. Eu fui uma aluna na escola, no que hoje se chama de Ensino Fundamental, no que hoje se chama de Ensino Médio muito empenhada, muito dedicada, por algum motivo nunca ninguém me precisou pedir para estudar. Eu estudava porque gostava. E eu acho que quando eu cheguei na faculdade, eu hoje olhando em retrospecto, eu acho que foi o tempo que eu tive na minha vida pra desbundar. Ali pra mim, o que me enriqueceu ali, foi as pessoas que eu encontrei, os amigos que eu fiz, as referências de autores, e de música, e de cinema das quais eu não tinha ouvido falar, porque eu tinha ouvido falar de outras coisas. Um mundo muito diferente do meu porque eu estudei 12 anos em colégios de freira e de repente eu cai na ECA e aquilo pra mim foi muito prazeroso e foram quatro anos de muita descoberta, mas, quatro anos de muito desbunde, tanto que eu não achava que ia sair dali e começar a trabalhar. Acho que meu pai e minha mãe também olhava pra aquilo e não achavam que eu ia sai dali e conseguir trabalhar. Um pouco pra minha surpresa foi diferente, eu sair dali comecei a trabalhar e não parei mais. Ao sair da Eca eu retomei um pouco o tipo de pessoa que eu era lá trás, porque de fato eu sou muito dedicada; me dedico com prazer e eu não sei fazer no improviso, eu sei fazer estudando, fazendo a lição de casa. Eu sei fazer no esforço. Eu admiro quem sabe fazer de outra maneira. Mas eu só sei fazer no esforço.

04 – A peça de Bem Jonson é uma realidade do Jornalismo brasileiro. Qual a sua análise disse fato?

– A peça pega ali um momento de nascimento dos jornais e a peça faz uma leitura irônica de uma crítica muito ácida ao fato de naquele momento a informação ter se transformado em uma mercadoria. Aquilo é visto como uma coisa negativa. É tem um olhar muito crítico, né? Aquela ideia que “olha, aqui as notícias chegam, são compartimentadas, elas são catalogadas e são vendidas como uma mercadoria”. A leitura crítica naquele momento era essa porque os jornais estavam se estabelecendo e ao longo dos séculos, a informação ela evolui como uma mercadoria muito importante. E acho que a gente agora vive uma outra revolução em que a informação, exclusivamente como mercadoria, ela perde um pouco o valor de mercado, perde muito aliais o valor de mercado, pra usar o título da peça, porque ela está acessível de uma maneira muito mais disseminada e muito mais ao alcance de todos sem necessidade ou muito menos necessidade de uma mediação que dantes esses jornais faziam. Então o valor dela agora não tá na commodity em si. Mas tá no que puder ser agregado do ponto de vista de intepretação, de análise de um olhar exclusivo. As vezes de uma própria commodity que essa niguém tem.

05 – O que é relevante para o Jornalismo nos dias de hoje?

– O furo é uma coisa cada vez mais difícil de você atingir, mas ele continua sendo o “sal da terra”. É como uma vez o Hélio Gaspari disse. “Uma definição de notícia”? (perguntaram pra ele). “Olha, definição de notícia eu não sei. Mas quando passa uma na minha frente eu sei reconhecer”. Você poderia falar algo parecido sobre o furo. Sabe reconhecer, né? E aquilo é o sal da terra, continua sendo o sal da terra, mas, no mais das vezes há informação commodity que perde o valor. O valor agora está no que você puder agregar a ela, cada vez mais.

06 – Por que a qualidade da notícia que circula é duvidosa?

– Porque a cacofonia aumentou muito. Porque com o volume de informação, com a pulverização da informação, a cacofonia aumentou muito. Então ao mesmo tempo, há necessidade de instrumentos, de veículo, de balizas, eventualmente de pessoas que se prepararam pra fazer isso, pra você separar o joio do trigo e não fazer como se fazia naquele piada antiga, que Jornalismo é separar o joio do trigo, mas para muitas vezes publicar o joio. Mas você encontrar sentido pra isso. Porque tem isso também. Muita informação não significa, necessariamente, que você está bem informado. Saiu um artigo no Guardian, dias à traz, sensacional que defendia o seguinte: “olha já descobriu os males que o excesso de comida pode fazer. Mas a gente ainda vai descobrir os males que o excesso de informação não interpretada, não digerida, não explicada pode fazer pro teu cérebro. Inclusive, de diminuir a tua capacidade de entender em profundidade. Porque tanta coisa…

 

07 – Os assuntos da sua primeira página na Folha sempre foram contundentes. Explique porque?

– Olha o que eu posso dizer sinceramente, depondo a meu favor, inventar (risos), eu não inventei, ao contrário lá da peça, eu não inventei! Mas tem alguns momentos de baixa noticiosa, em que, podem ser dias, podem ser semanas em que o teu critério do que é relevante para estar ali, ele se torna mais elástico. Vou falar especificamente no caso da política: Uma determinada articulação, um determinado episódio que a gente poderia qualificar como micro política, um personagem menor que em condições normais não passaria da nota de corte não estaria ali, acaba entrando. E se a gente pensar existem também o fenômeno contrário. Eu fiz a primeira página da Folha durante muitos anos e sempre me impressionou muito, ali, fazendo a primeira página, você aprende como o conceito de importância e de relevância é um conceito não só relativo como comparado. Esta semana eu tive um exemplo disso. A gente está lá na redação da Globo News, segunda-feira, aquele dia específico foi o dia do atentado em Boston e tarde da noite morreu Cleyde Acone e a gente comentou lá na redação, “uma tremenda atriz, num dia (abre aspas) normal a gente possivelmente daria uma reportagem maior, que de alguma maneira resgatasse melhor a carreira dela. Certo que teria uma série de programação especiais, tudo isso, mas só que ali, naquele momento, nós faríamos uma coisa maior. Mas só que tinha Boston. Só que o Diáconos fez um registro pequeno. Significa que ela não tinha importância? Não! Significa que a importância ou as importâncias – a importância é uma ciência comparada, também! Eu sempre pensei nisso: O que aconteceu no Onze de Setembro e que não foi o Onze de Setembro em Nova Iorque foi o probrísio, ninguém mais lembra, porque não chegou na primeira página, porque tinha o Onze de Setembro.

 

 

08 – Como organizar uma primeira página que prenda a atenção do leitor?

– É você decidir o que vai e como vai. Essa feitura de primeira página varia muito de publicação para publicação. Hoje em dia é engraçado porque essa discussão é uma discussão que tem ficado mais datada, a medida em que os jornais passam por uma crise imensa que ameaça a sobrevivência dele. Mas é você decidir ali no cardápio do dia à luz do tipo de publicação que você faz o que é que implaca a primeira página. O que você tem de melhor. E daí é muito engraçado porque os critérios se misturam. Tem o critério puro de relevância noticiosa. Tem o critério de interesse do seu leitor especificamente; tem o critério de você tentar promover as suas marcas. Então, se você estava em Boston com duas ou três pessoas da sua equipe, a primeira página vai sempre querer mostrar para o leitor que você estava lá. Você valoriza o que você tem de diferente. Esses critérios, relevância noticiosa, interesse mais que você conhece por pesquisa e acompanhamento do teu público leito, interesse de mostrar o teu diferencial, ele se mistura ali mais num exercício diário, num exercício que a qualidade da imagem que você tem é muito importante também. É um baita de um exercício. No caso da Folha era uma equipe bem enxuta. Um editor de primeira página que trabalhava com dois redatores. Eu não sei como é feito hoje em dia na Folha. Não sei quantas pessoas fazem isso na folha hoje em dia. Mas era isso. Informa das coisas mais divertidas, de aprendizado, que eu fiz na vida no Jornalismo. Não é um serviço muito valorizado. Porque é um serviço do que a gente chama de cozinha no Jornalismo, é um serviço interno de redação, não é um serviço externo em que muita gente fora vai saber quem você é e o que você faz, mas ele te dar uma tremenda noção de hierarquia, te ensina a assumir alguns compromissos de lógica editorial, porque se eu comecei a acompanhar algum tipo de assunto bem eu não posso deixar ele morrer em tese, ou se eu não dei nenhuma bola pra este assunto quando ele começou, então eu preciso sinalizar para o público porque esse assunto passou a ter importância na minha vitrine. Você aprende a lidar com os jornalistas, porque o jornalista está apresentando a mercadoria dele, então ele tem que te convencer que aquilo é novo, e pra você poder discutir com ele sobre o grau de novidade daquilo ou se ele está te enrolando e aquilo não tem novidade nenhuma você precisa ser um acompanhador de noticiário mais atento do que você era quando você exercia outras funções. Porque se você está fazendo uma coisa específica, está cuidando de política, cuidando de economia ou cuidando de esportes pelo menos, em determinados momentos, você podia se dar ao luxo de acompanhar bem o teu assunto e de acompanhar de maneira ligeira os outros. Se você está fazendo a primeira página e você não quer ser enrolado, você precisa acompanhar os assuntos todos, ou os mais importantes de uma maneira razoavelmente profunda pra você ter como discutir com as pessoas. Você está dizendo que o COPOM está fazendo isso pela primeira vez, mas a Ata da reunião passada já sinalizava que esse era… É um tremendo aprendizado. Tanto que eu fui da primeira página pra ser um Godman. E eu acho que a primeira página me ajudou muito a fazer o meu trabalho, que também foi uma baita de uma descoberta que eu precisei reiventar minha roda pessoal, aprender um monte de coisa, mas de alguma maneira o caderno da primeira página me preparou pra isso.

09 – Como escolher um título principal que não seja desastroso com o texto?

– Você tem a obrigação de fazer uma manchete, um título que atrai à leitura, no limite em não provocar esse efeito que você está descrevendo. A pessoa assistir a reportagem de uma chamada que foi feita antes ou ler o texto do título que está no alto e ela muito facilmente ou menos facilmente, mas ele percebe esse ruído que é: olha, o título me vendeu uma coisa que o texto não me entregou. A escalada do telejornal me vendeu uma coisa que a reportagem não me entregou. Você tem a obrigação de buscar num ser anódino, de buscar no afugentar o público, mostrar pra ele qual é o interesse daquilo que você vai contar, mas no limite do que não te provoca (?)

10 – A importância do ombudsman, nos dias de hoje, ainda é questionada pela redação?

– No Brasil você teve algumas experiências, tem algumas ainda, mas grande jornal de circulação nacional que fez esta aposta lá trás, porque a Folha instituiu ombudsman mas no final da década de 80, e com todos os percalços, nos momentos melhores, momentos piores e tudo mais, a crise entre ombudsman na redação, porque aconteceram várias, o jornal apostou em manter isso. De ponto de visito de ineditismo lá na época e da continuidade, a experiência da Folha é única entre os grandes no Brasil. Em outros lugares já tinha quando a Folha começou, ainda tem em vários lugares, do ponto de vista dos jornais, eu deixei de acompanhar isso, mas até onde eu sei (…) muitos jornais fecharam essa posição de ombudsman dentro de um movimento majoral de enxugamento drástico das redações, de fechamento de vagas, de diminuição das redações mesmo. Eu acho que não é a única maneira, o ombudsman não é uma panaceia, ele não tem a resposta para todos os problemas e principalmente ele só funciona, pra começo de conversa, se for respeitado o princípio da independência. Porque o leitor percebe. O leitor percebe na seleção dos assuntos, na maneira como o ombudsman tratar ou deixa de tratar determinados assuntos o leitor tem meios de perceber se é de brincadeira ou se é à vera, tem meios de perceber. Não é a solução de todos os problemas, mas é uma experiência muito interessante, eu acho, do ponto de vista da prestação de contas para o público e do ponto de vista pedagógico para a redação. Tanto eu fui percebendo ao longo dos anos, o seguinte – eu estava lá quando começou, de início foi um Deus nos acuda. A atitude dos jornalista era “como pode?”. E ao longo dos anos a redação foi aprendendo a conviver com as instâncias dessa instância externa de crítica. E uma coisa que eu reparei, no período quando estava lá, a ponto de que era mais fácil você lidar e criticar pessoas que estava na fila mais tempo que de alguma maneira sabiam como o jornal funcionava, do que os que tinha chegado de outro (…) existia essa função. Como é que pode?

11 – Qual a sua aposta do fim do jornal impresso?

– Não! Eu não tenho esse número. Cada dia eu leio um número. Eu leio o número de 5 anos, dos 10 anos. Eu tenho a impressão que qualquer tentativa de a gente fechar um número, ainda tem outro problema, não vai acabar e todos os lugares. Eu acho que por característica de cada mercado, de cada país, características econômicas, de escolaridade da população não vai em todos os lugares. Não é à toa que nos Estados Unidos, onde a evolução do meio digital se deu, obviamente antes, de maneira mais rápida, os jornais de lá sofreram um baque antes do baque, que agora se sente em outros lugares. Inclusive, no momento em que os jornais nos Estados Unidos estavam sentindo o baque de maneira mais pesada, você pegava determinados mercados emergentes, de países emergentes em que a circulação do jornal papel estava até aumentando. Não significa que vai continuar aumentando, eu acho que só indica que a gente falava vai morrer daqui a 5, o papel vai morrer daqui a 5 daqui a 10 anos. Que ele vai morrer todo mundo sabe e é menos importante a gente saber exatamente quando vai morrer, do que a gente adquirir, cada vez mais a consciência de que o nosso negócio não é o papel. Nosso negócio é a informação. E como trabalhar essa informação pra, voltando ao início da nossa conversa, pra ela não ser uma commodity que cai de valor progressivamente e é um produto agregado com outros valores que tentam sobreviver, tentam se fazer necessários.

12 – A liberdade de imprensa no Brasil é ampla, em todos os segmentos?

– Eu acho que a gente vive um momento no Brasil, diferentemente de outros lugares, diferentemente de vizinhos, inclusive, a gente tem plena liberdade de imprensa no Brasil, os problemas aqui, hoje, na Imprensa são de outra natureza, notadamente econômicos. A gente tem, tem porque conquistou, é importante a gente lembrar que conquistou, não é uma coisa que veio de graça e que é uma coisa que se não for cultiva, valorizada e lembrando permanentemente, ela pode se perder, as pessoas podem achar que não é algo tão importante como quem viveu a faze da falta de liberdade de imprensa sabe o quanto é importante. Então, a tua primeira pergunta é “se a gente tem liberdade de imprensa”. Não. Era ao contrário! Liberdade de imprensa é poder investigar e divulgar na forma que for, doa a quem doer.

13 – Qual a receita para se ter um bom time pra jogar no dia-a-dia da notícia?

– Quanto mais sozinho, menos filtro. E o filtro ele é importante, não vou dizer como uma garantia, mas como uma tentativa de qualidade. Você ter uma redação, pura e simplesmente, não é uma garantia de filtros adequados, de bons filtro. Mas a tendência de que o franco atirador erre ou apresente como fato o que é ficção no limite ou algo próximo disso é maior porque filtro é importante. Agora, que modelo de redação vai sobreviver, eu acho que isso daí não está claro para ninguém. Para ninguém.

14 – Lidar com fontes requer quais abilidades?

– Nós temos uma equação na reação jornalista fonte, que é sempre muito delicada de você equalizar que é uma equação que tem dois elementos que é o elemento do acesso ou da proximidade e o elemento do distanciamento crítico. Como é que você equaliza essas duas coisas. Pra você ter uma fonte, cultivar uma fonte de fato de esclarecer, te contar algo novo e contar pra você, você precisa estabelecer uma relação de confiança, de proximidade. Pode acontecer mais é muito raro de alguém te dar um presente. Por vários motivos. Primeiro porque, com o passar dos anos você vai aprendendo que o seguinte: que informação não se dá, informação se troca. Você pode nem tá trocando no momento em que você está recebendo, mas existe uma troca; a pessoa que está te dando a informação ela tem uma expectativa, imediata, de médio prazo, futura. Ela tem uma expectativa que pode ser em relação ao próprio jornalista ou uma expectativa como aquela informação vai chegar ao público, tá? E você precisa dessa proximidade, cultivar essa proximidade pra você ouvir coisas que de fato importa. Ao mesmo tempo, você precisa manter o teu distanciamento crítico. Você ter claro pra você mesmo – muita gente esquece, e você precisa deixar claro pra fonte que vocês estão de lado separados do balcão. Por isso eu acho, com todo respeito, a pessoas da melhor qualidade que eu conheci que é o seguinte: fonte não é amigo, amigo não é fonte. E isso precisa estar muito bem claro porque em algum momento os interesses vão se separar, se eles não se separarem alguma coisa muito errada. Então, eu acho que essa é a grande equação. Como é que você faz isso, como é que você se aproxima, como você conquista a confiança. Porque existem os combinados. É como uma relação entre pessoas. Existem combinados e os combinados, acredito eu, precisam ser respeitados. Mas, o teu interesse, esse não é o mesmo da fonte. Não adianta você dá o braço pra fonte e achar que juntos vocês vão fazer uma coisa sensacional, porque não é o mesmo interesse. Isso eu acho que é uma coisa importante. A outra coisa importante eu acho que é você cultivar o leque mais plural e amplo de fontes que você conseguir. Eu sempre tive uma regra, interna, já muito anos, que eu sempre digo pra mim o seguinte: que a semana não pode acabar sem que eu converse com pessoas novas. Sem que eu tenha uma boa conversa com alguém que é uma fonte em potencial. Que pode vir a se tornar uma fonte ou não, mas é uma fonte em potencial, uma pessoa nova, porque, pra começo de conversa, se você conversa sempre com as mesmas pessoas e só com as mesmas pessoas, o retrato, a história que você vai montando pra contar, ela é viciada, muito viciada. Então você precisa. Então você precisa dar essa oportunidade pra sorte. Eu fiz isso inúmeras vezes e não deu em nada, mas você faz isso algumas vezes e isso rende. Então eu acho que a segunda coisa depois de equalizar essa situação, as proximidades e o distanciamento crítico, é você procurar ouvir, escutar de fato, o leque mais amplo de pessoas. A pior coisa que pode acontecer para o jornalista – o jornalista de política é muito, mas acho que para o jornalista de maneira geral, ele achar que já sabe e que ele não precisa ouvir o que determinada pessoa tá contando pra ele, até porque aquela pessoa “tem interesses”. Todo mundo tem interesses. Como diz o Dr. Hauser, “todo mundo mente. Todo mundo mente. Quando não mente, omite”. Você precisa ouvir as mentiras também. É do conjunto daquilo você escuta é que você vai conseguir extrair alguma coisa que, honestamente, faça sentido pra você e que você possa contar. Então eu acho que a regra número dois de ouro dessa novela fonte é não desista de buscar o novo, não desista de ampliar o leque de pessoas que você está ouvindo, com quem você está conversando. Não chega na frente de uma pessoa e pensa “eu já sei tudo que essa pessoa tem pra dizer”, porque as vezes a gente não sabe.

15 – Como interpretar um pedido de direito de resposta?

– Eu não tenho uma posição fechada sobre isso. Eu acho que essa é uma discussão importante em que você tem que ter muito cuidado para não misturar as coisas. E acho que muito atores interessados, porque todo mundo tem interesse, de todos os lados, apostam na confusão. Apostam em misturar a discussão de controle de conteúdo com a de regulação de mercado. De vários lados você vê apostar nessa confusão.

16 – Em relação ao que circula na rede. Qual a fórmula de avaliar?

– É um aspecto eletrônico, mas também não sejamos ingênuos. Porque quem tem interesse nessa regulação por motivos políticos e existe isso, tem clara noção que o meio eletrônico tem um alcance que não dá nem para comprar com os jornais. Então, também não encerram a discussão quando alguém interessado em algo como a lei dos meios diz assim, “olha, não é para jornal”. Bom, mas é pra que? Eu não tenho uma posição fechado sobre se o fim da lei de imprensa nos deixou num vácuo que exigiria uma outra legislação específica pra direito de resposta ou se a Constituição se bem utilizada dá conta de fazer com que as pessoas responderem pelo que elas levam ao ar, responderem pelo que elas publicam, eu não tenho claro isso. Mas eu tenho para mim uma regra de ouro que qualquer coisa que cheire uma regra de conteúdo, a controle prévio de conteúdo, eu estou fora.

17 – A informação está circulando por diversos meios. Necessita ou não de contrôle?

– Existe alguns veículos que eles estão cem por cento na internet, e eles optaram em fazer eles próprios algum tipo de mediação, veículos menores e tal, que eles mesmos fazem algum tipo de mediação e não publica tudo. Alguém lê antes de publicar. Mas isso são coisas pequenas num oceano em que prevalece o que cada um publica. Muito complicado isso. A gente tá falando aqui de jornais, e do que as pessoas escrevem, mas a gente pode levar isso para um oceano de conteúdo que tá ali e que as pessoas estão acessando, as vezes elas não estão nem acessando e bate ali. Mas é muito. Eu tenho muita dificuldade de imaginar isso sendo regulado de alguma maneira. É tão…

18 – Os caminhos da informação antes da notícia?

– Eu ouso essa pergunta de duas maneiras. Como você se informa de uma maneira geral. Como é a dieta noticiosa do jornalista, porque todas as pessoas de algum jeito têm uma dieta noticiosa. Mais enxuta, variada, monotemática, difusa, todo mundo tem, o jornalista também tem. Então esse é o jeito que eu entrei na tua pergunta, qual é a tua dieta noticiosa. E esse é um assunto que me interessa muitíssimo, porque se você olhar, a gente nem precisa olhar as outras pessoas, é só a gente olhar pra gente e vê, ao longo do tempo, como essa dieta noticiosa foi mudando. Eu passei muito tempo da minha vida em que meu início de dia era uma leitura sequencial de três ou quatro jornais, rádio, e depois menos recente acompanhada de alguns sites, e depois a TV ligada nos momentos em que você está dentro da redação em canais de notícia. Agora, hoje, isso que te falei já mudou. Hoje o meu primeiro contato com a informação, normalmente é rolando no twitter. Porque tem pessoas que usam o twitter pra escrever e comentar coisas, mas tem outras pessoas e eu me encaixo nesse grupo, que usam o twitter primordialmente para receber informação. Então, eu estou seguindo basicamente todos os serviços noticiosos e/ou publicações nacionais e estrangeiros que de alguma maneira me interessam. E estou seguindo, não sei te dizer quantos políticos, muitos, muitos, muitos políticos pra saber onde eles estão, o que estão fazendo, o que eles estão dizendo. Alguns jornalistas que postam suas coisas ou links. Então, aquilo ali é o meu primeiro dia, A minha primeira coisa do dia. Eu acho curioso pensar que naquele exercício a pessoa está fazendo a sua própria publicação, porque você recebe a sua commodyts ali, algumas informações secas e você também pega ali alguns links de algumas coisas mais aprofundadas que as vezes eu nem tenho tempo de ler naquele momento, mas que eu fiz a minha seleção e eu sei que dali a meia hora, uma hora, três horas, na primeira janela que aparecer, eu vou ler aquilo. Então, um jeito que eu entendo a tua pergunta é “como é que você se informa. Como é que você fica sabendo. Como é que você fica sabendo da explosão do Texas”? E “como é que você fica sabendo quem chegou em primeiro lugar na eleição pra procurador-geral da República?” Isso é uma maneira que eu entendo. A outra maneira que eu entendo a tua pergunta é “como é que você se prepara para o trabalho que você tem que fazer. Pra entrar no ar no Telejornal e tendo selecionado os assuntos que o Telejornal considera relevante praquele dia, com é que você se prepara praquilo”. E daí eu te respondo, tem a dieta noticiosa e tem o ir atrás das pessoas. É muito por telefone porque uma pessoa que faz o que eu faço, simultaneamente com pessoas que estão em Brasília, em São Paulo, no Rio, em outras praças. Ano que vem quando chegar quando for o ano de campanha eleitoral é muito isso. Porque o palco disso vai ser o País. E pros clientes, escolhendo determinadas pessoas e determinados eventos que você diz eu quero tá a, e preciso ver. Você não pode ver tudo ao mesmo tempo, você não poder tudo todo dia, mas isso de alguma maneira faz parte do conjunto de coisas que eu tenho que fazer pra me preparar pra informar não pra ser informado. Está lá é muito importante. Importante de várias maneiras. É muito importante porque em determinado evento você tem a noção que você está presenciando um pequeno pedaço de história. Eu tive, por exemplo, essa sensação no dia em que eu estava no Palácio do Planalto e foi instalada a Comissão da Verdade. Tinha ali a presidente, todos os ex-presidentes vivos, uma série de personagens envolvidos com aquela história. A comissão pode ter resultados maiores, menores, satisfatórios, insatisfatórios, mas naquele dia no Palácio do Planalto eu falei poxa, que bom que eu vim, que bom que eu estava aqui vendo. Vai me permitir contar de uma maneira melhor tendo visto aqui do que fazendo de uma maneira remota. É importante porque você vendo pode não só fazer isso que o Gueitalise sugeriu que num determinado momento, tem muita gente prestando a atenção numa determinada cena e você escolhe uma outra pra prestar a atenção. E aquela outra cena pode te contar eventualmente mais do todo daquela história do que o lugar onde estão todas as câmeras, todos os gravadores, o lugar onde está todo mundo olhando. Eu me lembro que em 2010 a Dilma já era a cara da candidata e o Lula vinha preparando a narrativa da mãe do PAC ao longo do segundo mandato inteiro, praticamente. Mas a Dilma ainda, ela era muito virgem de grandes eventos que não fossem eventos do governo. Lula pegava ela pelo braço, ela ia inaugurar isso e aquilo e tal, mas ela não tinha muito traquejo de grandes eventos que não fosse do governo. E eu me lembro que eu estava em São Paulo naquele dia e a Força Sindical fez um evento lá em São Paulo. Não era uma coisa grande. A Dilma nem era nem oficialmente candidata que dirá líder das pesquisas que ela veio a se tornar mais adiante. Mais eu falei, eu vou lá, quero ver. Vê-la falando em público, ver a reação das pessoas em relação a ela. E aquele dia foi muito útil pra mim porque eu percebi que ela estava falando de uma maneira diferente. Porque tem evolução nisso, claro. Que você pega em qualquer candidato. Ele pode ganhar, pode perder, pode dar certo, mas tem uma linha evolutiva. Ali era um evento secundário, não era muito importante mas a maneira dela falar me deu uma clareza e quando você tá perto você vê gestual, você vê de outra maneira. Parece um clichê, mas não é. Mas também é importante ir aos lugares porque as pessoas falam com você de uma maneira diferente.

19 – O que você comenta sobre sigilo?

– Eu não posso falar pelos outros, mas na minha religião off existe e off é respeitado. Se você combina, se você conversa com uma pessoa e existe um pressuposto, existe um combinado que aquilo é em off, pra mim é claro. O off é respeitado, a menos que a situação evolua de uma maneira que você discuta com seu editor, que você discuta com as pessoas que estão trabalhando com você e a situação evolua de uma maneira que pra você mostrar a veracidade da tua informação, pra você legitimar a sua história, pra você não ser exposto de uma maneira errônea, alguém que te contou uma história e a história está correta e por algum motivo alguém resolve puxar o tapete daquilo e você se vê desprotegido, mas desprotegido de uma maneira que a credibilidade daquilo que você publicou está em risco, existe a possibilidade de tudo no Jornalismo é caso à caso, você ter uma discussão e chegar a concussão que você precisa abrir um off. Mas isso é exceção à regra. Eu acho que um combinado de off precisa ser respeitado. É o seguinte, muita delinquência já foi cometida no Jornalismo sobre a proteção do offs. As maiores delas offs que na verdade não existiam. Isso já aconteceu. E porque muita delinquência já foi cometida sobre a proteção do off, sobre à legada proteção do off, vira e mexe vem alguém com a ideia revolucionária de “vamos acabar com o off”. Só que as pessoas estão esquecendo que quantas histórias importantes, transformadoras vieram à tona única e exclusivamente porque na origem delas existiam um off ou existiram um off foram respeitados. O Walter Geyter e só um exemplo mais célebre disso, mas poderíamos fazer uma lista aqui. Então, eu acho que o off existe, o off é necessário, mas ele precisa ser exercido com responsabilidade.

20 –Quando abrir um off e por que?

– Ai eu acho que existem duas situações. Se você ainda está na apuração da história, você pode descartar esse off, você não precisa abrir a fonte, você pode, simplesmente descartar esse off. Mas, se você já veiculou aquilo e de alguma maneira você foi induzido ao erro por um off falso, errôneo, eu acho que essa é uma das situações em que você pode ter uma discussão e chegar à conclusão que é abrir. Porque tem uma situação muito complicada que é o jornalista achar que ele precisa mentir pra protege o off. Isso já aconteceu. Isto é uma das delinquências que te falei que já aconteceram sobre a proteção de um off. Olha, eu preciso proteger tanto essa fonte que eu vou inventar aqui uma história. Isso é delinquência.

21 – Sua análise do maior escândalo do governo PT?

– Desperta sentimento forte nas pessoas. Contra e a favor do julgamento e tal. Eu me sinto muito afortunada de ter podido contar essa história. Muita gente queria contar essa história. Muita gente batalhou pra contar essa história, eu batalhei muito mas eu sei que tinha outras pessoas que batalhou também e eu me sinto muito afortunada por ter podido contar. A situação das mesadas no Congresso, era conhecida de perto por qualquer pessoa que cobrisse de perto o Congresso Nacional naquele momento. Uma das coisas mais divertidas que eu acompanhei ai nos meses que se seguiram, foi o movimento das pessoas do governo ou apoiadores do governo nunca ouvi falar de mesada. Imagina? As pessoas sabiam onde dividiam as mesadas. Por exemplo, um dos partidos mensaleiros, ali, que recebiam, era voz corrente no Congresso no apartamento de qual deputado dividia. Como não sabia? Daí vem aquele corrente de leigo que diz “se sabia porque não publicou?” Porque determinadas coisas você só pode publicar ou se você flagra o recebimento de mesada ou se você conseguir um depoimento de alguém que está dentro da história. Depois que o Roberto Jefferson deu entrevista se tornou muito comum e até compreensível, o governo desqualificar Roberto Jefferson. O que as pessoas não gostam de lembrar é que o Roberto Jefferson era presidente de um partido que era da base. Que pouco antes o Lula, ele mesmo, tinha jantado na casa de Roberto Jefferson pra celebrar a presença do PTB ali nas negociações do governo. Que o Roberto Jefferson negociava diretamente com José Dirceu. Você pode gostar e não gosta daquela pessoa, daquele político e evidentemente tudo que ele falou precisava ser submetido ao escrutino e foi. As pessoas talvez não se lembrem, mas o que provocou todo aquele tumulto de 2005, nasceu da entrevista do Roberto Jefferson, mas que na semana e nos meses que se seguiram as coisas foram acontecendo de uma maneira que a entrevista foi sendo corroborando ponto-a-ponto. As pessoas têm uma discussão sobre a palavra mensalão, que foi uma palavra que o Roberto Jefferson usou na primeira entrevista. Eu ouvia no Congresso falar na mesada. Ele usou essa palavra na primeira entrevista e a palavra ficou e é evidente, embora ao longo de anos, antes do julgamento, havia uma discussão “mas teve pagamento mensal. Não teve pagamento mensal”? É lógico que a discussão não é essa e o que ficou demonstrado no segundo semestre de 2012 é lógico que a discussão não é essa. Mas que o esquema de compra de apoio com recursos em boa medida pública foi demonstrado e provada eu acho que não precisa eu pra falar isso. Eu entendo que o assunto desperta paixões e que seja muito difícil você encontrar alguém disposto a examinar isso de maneira desapaixonada que não contamine o conjunto de legado do governo Lula e ao mesmo tempo não afronte a realidade do que tá demonstrado que aconteceu. Mas se você me perguntar como eu me sinto, muito sinceramente me sinto muito afortunada em ter podido contar essa história. E acho o seguinte, se a palavra serviu para contar o mensalão nacional, serve para o mensalão mineiro, não há dúvida.

22 – Nesse caso, houve espetáculo por parte da corte?

– Puro verossímil. E quando vejo as pessoas interessadas, porque todo mundo é interessado, mas geralmente quem vocaliza esse espanto com a transmissão é porque se sentiu prejudicada pela decisão. Aí eu pergunto no mérito: Porque? Qual o problema? Isso já tinha acontecido em outras questões relevantes, mas a gente pode pegar vários casos recentes: o caso da Lei de Imprensa, o caso de aborto de a encéfalos, a união homo afetiva, você já tinha observado. Agora fica mais claro por conta das dimensões desses momentos por conta dos réus, a história toda. Quando o julgamento começou achei engraçado, eu conversava com colegas e as pessoas tinham muito receio do hermetismo da discussão do plenário prejudicasse o entendimento e o que a gente viu na prática, e isso eu vi lá porque assisti praticamente todo julgamento no plenário, sentada. Foram discussões de muita clareza. As pessoas acompanharam o que eles estavam decidindo e porque estava decidindo e acho que ficou claro pra muita gente o que é lavagem de dinheiro, qual era a discussão em torno da formação de quadrilha e tantas outras questões. Porque? As pessoas estão sugerindo que se eles votassem de uma maneira não televisionada eles iam ter uma tendência mais absorvedora e por isso não deveria ser televisionado? Eu acho que o que assistimos ali, longe de ser uma coisa monolítica, foi uma coisa com muito contra ponto. O revisor exerceu plenamente o papel de contra ponto. Arregimentou apoio em determinadas questões. O relator ele teve uma maneira, por vezes assim até cansativa pra ele mesmo e pra quem estava lá, de expor as coisas, mas é porque ele estava contando uma história e foi uma coisa exaustivamente relatorial. Teve discussão no plenário. Muita discussão no plenário. E de alguma maneira as pessoas acompanharam. Elas não acompanharam só exibições individuais de conhecimentos desse ou daquele ministro. Elas acompanharam um debate acalorado e muita das vezes o jornalista tem aquela coisa da tendência de ficar no pessoal de “olha, quem tá bravo com não sei quem” e de determinado ministro não está falando com outro. Mas as pessoas acompanharam um debate de mérito ali. Eu acho que isso só contribui para o entendimento. Não existe nada de persecutório ou de cerceador de liberdade ou cerceador de defesa, as quais defesas foram igualmente televisionadas.

23 – O Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados

– Eu até tinha pensado em lembrar essa frase. E acho que essa é uma frase que se você falar “Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”, no ambiente que a gente vive, muito apaixonado de uma politização dessas questões, o risco de você ser interpretado de uma maneira burra e torta é enorme porque as pessoas vã dizer “tá vendo? A mídia é oposição! A mídia está contra o governo! Não é isso que o Millôr tá falando. O que o Millôr está falando, o que o Millôr quer dizer com “o Jornalismo é oposição” é o seguinte, o Jornalismo ele é questionador por definição. O Jornalismo não é favor. É publicidade. Não existe! O que não significa que você não tenha a obrigação de contar as histórias e cobrir os poderes púbicos e privados, porque esse é um outro exercício que a gente estar menos aparelhado pra fazer, que é de cobrir o poder privado. Mas enfim. Não significa que você não tenha que reconhecer quando as coisas, os feitos, os acertos, o que dá certo. Não significa que se você abandona uma abandona uma atitude questionadora, se você abandona o foco em mostrar o que não está funcionando, o que não está sendo feito da maneira correta você edita.

 

 

 

 

 

 

 

Deixe um comentário